segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

sem título

Ôhá-ôhé
Gente (sou) multiplicada ao sombrio recanto,
Aramada,
Aquém da contínua cortina farpada;
Como zero sobrevive,
E zero acabará!

[gente de rosto impassível, varrendo com mesuras o pó concedido pelas botas lustradas]

Ôhá-ôhé
Gente (sou) diminuída ao sombrio recanto,
Trevas… ôhé-ôhé-ôhé,
Trevas… ôhé-ôhé-ôhé,
Como zero sobrevive,
E zero acabará!

(gente de rosto melífluo, servindo, por vintém, como lacaio de libré alguém todo-poderoso)

Ôhá-ôhé
Gente (sou) somada ao sombrio recanto,
Opressa,
De mão à copiada palavra professa;
Como zero sobrevive,
E zero acabará!

(gente de rosto inominado, inautêntica, vendo nada, sabendo nada, sentindo nada)

Ôhá-ôhé
Gente (sou) dividida ao sombrio recanto,
A tortura… ôhé-ôhé-ôhé,
A tortura… ôhé-ôhé-ôhé,
Como zero sobrevive,
E zero acabará!

(gente de rosto ensombrecido, olhando para nada, calando a voz por nada, recusando pensar a troco de nada)


manuel moraes || 09.08.15