quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Cofre astronómico


Como um globo de ouro forjado,
Pelas mãos de um deus invisível,
- Também ele inventado,
E hoje uma âncora descaída,
Cada vez mais além e solta de estrém -,
Brilha e brilha, que de tanta luz declina
Até se tornar irreconhecível:
Eis o mundo!


Enganos e falácias – tanta poeira! -
           Que a degenerescência é veloz, e tão feroz,
Que a todos arrasta, que tudo leva e afasta,
Cada vez mais arabesco, cada vez mais babelesco,
Eis o mundo!

Numa viagem de minhoquinha bichoca
Às arrecuas dos tempos,
Indo ao ponto em que as ideias emagrecem.


E neste mundo de toca,
De minhoquinha bichoca,
Uma espécie de caldeirão,
Ou um interior de escuridão, nos espera!


É isto. Conseguimos!
Flutuamos num imenso e negro oceano,
Algo tão grande,
Que o acabamento está à vista.


Se queremos ir além, temos de ir além!
Dando o passo, acertando a marcha,
Demolindo e demolindo e demolindo.


E depois? Ah! Depois…
Estará muito mais frio.

(manuel moraes) || 2011-10-26