Ôhá-ôhé:
Gente (sou) multiplicada ao sombrio recanto,
Aramada,
Aquém da contínua cortina farpada;
Como zero sobrevive,
E como zero acabará!
[de rosto impassível, varrendo com mesuras o pó concedido pelas botas lustradas]
Ôhá-ôhé:
Gente (sou) diminuída ao sombrio recanto,
Trevas… ôhé-ôhé-ôhé,
Trevas… ôhé-ôhé-ôhé,
Como zero sobrevive,
E como zero acabará!
[de rosto melífluo, servindo, por vintém, como lacaio de libré alguém todo-poderoso]
Ôhá-ôhé:
Gente (sou) somada ao sombrio recanto,
Opressa,
De mão à copiada palavra professa;
Como zero sobrevive,
E como zero acabará!
[de rosto inominado, inautêntica, vendo nada, sabendo nada, sentindo nada]
Ôhá-ôhé:
Gente (sou) dividida ao sombrio recanto,
A tortura… ôhé-ôhé-ôhé,
A tortura… ôhé-ôhé-ôhé,
Como zero sobrevive,
E como zero acabará!
Ôhá-ôhé:
Gente ensombrecida,
Olhando para nada
(enobrecida);
Calando a voz por nada
(esquecida);
Pensando a troco de nada
(empobrecido).
Como zero sobrevive,
E como zero acabará!
manuel moraes || 09.08.15