Numa noite fria
Olhei em volta
E vi alguém deitado no chão.
Não vi Homem, não vi pessoa!
Vi uma nódoa branca
Colada ao corpo que sofria.
A fome nos seus olhos encovados e tristes e frágeis.
Olhos que brilhavam como estrelas doces e dóceis,
Em rostos cheios de ausência luminosa…
E pensei
E achei belos
Os seus rostos, os seus sorrisos…
Como são dignas
As crianças e os velhos e as mulheres!
Quem tem fome sequer sobrevive.
Quem tem fome definha e sofre.
Quem tem fome vive morrendo e morre!
A nódoa branca, essa não.
Não sente ternura ou compaixão,
Não escolhe raça ou religião,
Não mostra vergonha ou razão…
Quanto ao resto, que fazer?
Cinismo? Cepticismo? Indiferença?
Não!!!!
Acenda-se a luz!
Basta um clique…
Haja amor entre os Homens
E a nódoa branca,
Sombria e ardente e infeliz,
Será pó, cinza e nada!
Basta um simples gesto
Zzzzzzzzzzzzzzzzzzztttttt!
E fome jamais!
(manuel moraes) || 2010-11-11
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